COMO INFLUENCIAR E MATAR PESSOAS 4: Programa de Zema para o Meio Ambiente é uma vereda para a lama e para a terra dos mortos
Eu achei a proposta de Romeu Zema, este homem "novo", para o meio ambiente. Repete na esfera estadual o que o presidente Jair Bolsonaro prega em escala nacional. Reproduzo a síntese da proposta dessa gente nova:
"O licenciamento é pressuposto para grande parte dos negócios, contudo, ele raramente é conduzido corretamente. É provável que a boate Kiss e a Samarco, por exemplo, estavam legalmente regularizadas no papel, mas a prática mostrou o contrário.
Considerando a morosidade do setor público, é mais eficiente inverter a lógica dos licenciamentos, presumindo a priori a inocência por parte do agente econômico. Porém, em contrapartida a esta presunção, serão garantidas severas e implacáveis punições, a posteriori, no caso de irregularidades".
É claro que minha primeira tentação e apontar os múltiplos analfabetismos do texto. Mas deixo isso pra lá agora. Ao contrário do que diz esse troço moralmente indigente, a Samarco deixou de cumprir regras atreladas ao licenciamento, como ter um plano de contingência para desastres, por exemplo — que também não funcionou no caso de Brumadinho. Faltou rigor na concessão do licenciamento, que é justamente o que prega "negócio" chamado "Partido Novo". Quanto à Kiss, constataram-se nove irregularidades no que diz respeito à segurança do lugar, inclusive a ambiental. Em todos os casos, faltou poder público e sobrou, como é mesmo que diz o "Novo"?, a presunção da "inocência por parte do agente econômico".
O que o "Novo" propõe em matéria de meio ambiente pertence ao mesmo catecismo do bolsonarismo: o rigor não pode atrapalhar os negócios, que têm prioridade. Se acontecer alguma coisa, aí a gente vê o que fazer com o leite derramado. Zema já deu a sua fórmula e já faz história: "resgatar somente corpos".
A delinquência que vai acima não obedece nem à lógica elementar:
1: licenciamento é pressuposto dos negócios e não pode atrapalhá-los;
2: o rigor no licenciamento não impede tragédias; se não impede, que se opte pela falta de rigor;
3: em vez de impor exigências prévias para impedir desastres, o que atrapalha os negócios, opte-se por "punições garantidas e severas" caso eles aconteçam.
Isso é considerado… novo!
Essa proposta é a vereda para a lama e a terra dos mortos.
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