DERRUBAR A DIREÇÃO DA VALE 3: Governo da retórica antiestatista vê pingar na área clamor por intervenção. Parece irresistível. É prudente?
Não deixa de ser curioso: este governo se instalou com a marca do antiestatismo. A ânsia de depor a diretoria atende a um compreensível clamor público, mas, por óbvio, parece precipitado jogar toda a diretoria na fogueira sem que se saiba exatamente o que aconteceu. No médio e no longo prazos, pode ser uma ação contraproducente.
A Vale perdeu R$ 71 bilhões em valor de mercado só nesta segunda. É o maior tombo da história em um único dia. Os investidores reagem ao desastre e, claro!, às óbvias dificuldades que serão criadas à gestão com o bloqueio de R$ 11 bilhões, uma multa de R$ 250 milhões aplicada pelo Ibama, que é máximo permitido, e de R$ 99,139 milhões aplicada pelo governo de Minas Gerais.
Fazer uma intervenção literalmente estatal pode criar um precedente perigoso. E não é certo que a coisa seja bem-vista pelo mercado. Mas, reitero, a bola está pingando na área.
A deposição da diretoria rende popularidade, sim, mas pode se tornar uma grande dor de cabeça. A partir daí, o governo se torna responsável pelo destino da Vale. E, nesse caso, as correções de rota que têm de ser feitas acabam virando um assunto de governo. A decisão seria popular. Mas seria prudente?