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Reinaldo Azevedo

DERRUBAR A DIREÇÃO DA VALE 3: Governo da retórica antiestatista vê pingar na área clamor por intervenção. Parece irresistível. É prudente?

Reinaldo Azevedo

29/01/2019 07h35

Jônatas Lima Nascimento: "Ele estava feliz, tinha acabado de assinar o aviso de férias. Tinha 36 anos, era forte e não vai ver os filhos crescerem", disse Daihene Crizologo, sua mulher (O Globo)

Não deixa de ser curioso: este governo se instalou com a marca do antiestatismo. A ânsia de depor a diretoria atende a um compreensível clamor público, mas, por óbvio, parece precipitado jogar toda a diretoria na fogueira sem que se saiba exatamente o que aconteceu. No médio e no longo prazos, pode ser uma ação contraproducente.

A Vale perdeu R$ 71 bilhões em valor de mercado só nesta segunda. É o maior tombo da história em um único dia. Os investidores reagem ao desastre e, claro!, às óbvias dificuldades que serão criadas à gestão com o bloqueio de R$ 11 bilhões, uma multa de R$ 250 milhões aplicada pelo Ibama, que é máximo permitido, e de R$ 99,139 milhões aplicada pelo governo de Minas Gerais.

Fazer uma intervenção literalmente estatal pode criar um precedente perigoso. E não é certo que a coisa seja bem-vista pelo mercado. Mas, reitero, a bola está pingando na área.

A deposição da diretoria rende popularidade, sim, mas pode se tornar uma grande dor de cabeça. A partir daí, o governo se torna responsável pelo destino da Vale. E, nesse caso, as correções de rota que têm de ser feitas acabam virando um assunto de governo. A decisão seria popular. Mas seria prudente?

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.