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Reinaldo Azevedo

Num post na manhã deste sábado, afirmei que o golpista poderia se dar bem; para o governo, como diria aquele, as consequências vêm depois

Reinaldo Azevedo

02/02/2019 18h25

Escrevi nesta manhã:
"E não! Não sei se Renan Calheiros (MDB-AL) vai vencer Davi Alcolumbre (DEM-AP), o golpista aprendiz, que tentou fraudar de uma vez só seis artigos do Regimento Interno, a saber: 3º, 30, 50, 46, 401 e 412. Adicionalmente, jogou no lixo duas decisões do presidente do Supremo, Dias Toffoli, a respeito.

Pode ser até que alguns se encham de brios. Penso, por exemplo, em Randolfe Rodrigues, ex-PSOL e atual Rede, a vociferar, a seu modo, em favor da moralidade e em defesa de Alcolumbre, que ele associou a Rui Barbosa… O ridículo ontem perdeu todos os freios. O senador, que vive batendo na porta do Supremo para judicializar questões políticas, tende a cobrar um Senado altaneiro contra o Regimento Interno, a Constituição e o Supremo! Sei lá se uma conversa assim cola.

Minha questão, desde o começo, não é quem vai vencer. Mas como e com que meios se vai chegar ao vitorioso. Vai que 41 senadores considerem que um golpista amador, que se comporta como subordinado de um ministro de Estado, deputado licenciado, é uma boa alternativa para presidir o Câmara Alta do país… Não faço previsões a respeito. Quero respeito às regras do jogo.

Mas uma coisa eu sei: agora, qualquer que seja o resultado, o governo Bolsonaro, por intermédio de Onyx Lorenzoni, ministro da Casa Civil, estará diante de uma derrota. Afinal, é Lorenzoni o titereiro do golpismo; é ele que move os cordões dos braços e das pernas do tal Alcolumbre (DEM-AP), que sai da obscuridade para a ser a face de uma tentativa vergonhosa de golpe jamais visto no Senado. E que afronta o Regimento Interno não uma, mas múltiplas vezes.

E por que o governo já perdeu, qualquer que seja o resultado? Se Renan se sagrar vitorioso, em votação aberta ou fechada, o Planalto perde porque toda essa pantomima se deu justamente para evitar a sua eleição. Caso Alcolumbre ou outro teleguiado qualquer de Lorenzoni se apresente para a tarefa, ficará a marca de uma intervenção truculenta no Senado nunca vista em tempos democráticos".

E mantenho a avaliação.

Renan, Alcolumbre ou J. Pinto Fernandes… A questão não é de nomes, mas de procedimento.

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.