CALMA, GUEDES 2: Indagado se as reformas mexem com direitos trabalhistas, ele negou. Poderia ter parado aí. Mas resolveu avançar
O ministro esteve com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). À saída, conversou com a imprensa. Ele vive ainda o rescaldo da reação negativa que teve o vazamento da minuta da reforma da Previdência. Como já escrevi aqui, aquele que o fez, e foi gente do governo, se opõe à mudança. Bem, o bom senso, a prudência, a contenção — em especial porque o presidente da República está internado, com uma complicação de saúde adicional, a pneumonia — recomendariam que Guedes esfriasse os ânimos em vez de aumentar a área do contencioso. Mas ele está entre os entusiasmados. E a modéstia não é um dos seus defeitos. Já afirmei algumas vezes: ninguém é obrigado a ser modesto — a menos que exerça, entre outros, o cargo de ministro da economia e tenha pela frente a reforma da Previdência.
Indagado se haveria alguma perspectiva de corte de direitos trabalhistas, o ministro foi categórico: "Estamos conversando sobre como consertar esse regime previdenciário e como dar opções para as futuras gerações. Todos os direitos [trabalhistas] serão preservados. Ninguém mexe nos direitos." E poderia ter parado por aí. Estaria de bom tamanho. Em tese ao menos, a atuação contribuiria para diminuir as reações. Mas aí bateu aquela tentação do ideólogo, de quem considera importante conquistar também o território mental do adversário ou aniquilá-lo. E ele foi adiante.
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