Procurador próximo de Onyx e que está de olho no cargo de Dodge critica texto da Previdência: precisa da corporação
Um dos inconformados com a elevação da alíquota previdenciária para servidores que vão se aposentar com salário integral é José Robalinho Cavalcanti (foto), presidente da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), aquela entidade que ganhou o direito divino de promover uma eleição para formar uma lista tríplice e apresentar ao chefe do Executivo para a escolha do procurador-geral da República. A eleição não está prevista na Constituição. Indicar o procurador-geral é uma das prerrogativas do presidente da República, previstas no Artigo 84 da Constituição (Inciso XIV).
Diz ele:
"É necessária uma reforma previdenciária no país. Mas, como aconteceu com a reforma anterior, por uma questão de mera propaganda, querem demonizar o funcionário público".
Expor os números que dizem respeito à Previdência só pode ser chamado de "demonização" se o que se expõe remeter ao Coisa Ruim, né?
Talvez entenda o desconforto de Robalinho. Ele se aproximou bastante de Onyx Lorenzoni quando este se tornou o relator das tais "Dez Medidas Contra a Corrupção" — quatro delas flagrantemente inconstitucionais. Nem Sérgio Moro teve a coragem de pôr em seu pacote autoritário a admissão no processo de provas colhidas ilegalmente…
Onyx foi escolhido, então, para conter os excessos. E passou a trabalhar em parceria com o Ministério Público. E um de seus principais interlocutores foi justamente Robalinho — desde já um pré-candidato à sucessão de Raquel Dodge. Pois é… Deltan Dallagnol já defendeu o nome em conversa com Sérgio Moro.
A coisa é complicada, né? Se Bolsonaro mantiver a prática de escolher um nome da lista tríplice, Robalinho precisa ser votado por seus pares. Para que seja, a pauta corporativista não pode ser deixada de lado. Mas, hoje, essa pauta entra em conflito com a proposta de reforma.
Doutor Robalinho foi também uma das mãos que balançaram o berço em recente tentativa de greve branca do setor, incentivando procuradores a largarem cargos de coordenação se não recebessem uma gratificação. É um sindicalista.
Situação difícil: sem uma pauta corporativista, não tem votos de seus pares; com ela, tem de atirar na reforma.
Como diria Dilma, "é a contradição de sempre: às vezes, quem está na chuva não quer estar na chuva…"