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Reinaldo Azevedo

Guaidó comete o erro cretino de acenar para uma intervenção militar estrangeira no dia seguinte a insucesso de operação

Reinaldo Azevedo

25/02/2019 06h33

Juan Guaidó discursa diante de milhares de pessoas que querem a deposição de Maduro. Ele se diz presidente interino

Juan Guaidó (foto), presidente da Assembleia Nacional da Venezuela e autoproclamado presidente interino, reconhecido por 50 países, incluindo o Brasil, cometeu o que me parece ser um erro grave, voltou atrás, mas recuou do acerto para errar de novo. Ele havia afirmado no sábado que não descartava nenhuma alternativa para depor o ditador Nicolás Maduro. E todos entenderam que repetia as palavras de Donald Trump, presidente dos EUA. E isso, por óbvio, compreenderia uma intervenção armada estrangeira. Minutos depois, recuou e se corrigiu. Afirmou referir-se a "todas as opções da comunidade internacional que realizaram o cerco diplomático que contribuirá para o fim da usurpação, para um governo de transição e para eleições livres". Mas já recuou do recuo. E certamente Nicolás Maduro e sua turma vão se aproveitar da bobagem.

Neste domingo, Guaidó conversou com a repórter Sylvia Colombo, da Folha, por telefone. Ela quis saber se ele se referia ou não a uma intervenção militar ao dar aquela declaração no sábado. E ouviu o seguinte:
"Eu quis dizer exatamente isso, que devemos considerar todas as opções. A Constituição venezuelana dá à Assembleia Nacional o direito de solicitar apoio desse tipo. Não é o que buscamos, mas é uma possibilidade que, responsavelmente, não podemos descartar dada a atitude das forças e interesses que sustentam a usurpação na Venezuela."

Aí o erro é grande. E de vários modos.
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Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.