COLUNA NA FOLHA: Lava Jato não vai mergulhar na caixa-forte de Tio Patinhas
Leiam trechos:
A Lava Jato viu frustrada a sua maior jogada até agora em sua luta para ocupar nas consciências o lugar do imperativo categórico. Não terá a sua bilionária fundação de direito privado com grana da Petrobras. E os juros multimilionários que ela ensejaria.
Os já nem tão novos utopistas —ou distopistas— estão furiosos. E atribuem seu insucesso a uma grande conspiração liderada por aqueles que teriam interesse no fim da operação, e claro!, por Gilmar Mendes, do STF. Dada a estupefação unânime do mundo jurídico e associados, concluí que o ministro manda em todo o Judiciário, no TCU, nas entidades de classe de juízes, nos órgãos de representação dos advogados…
Não consegui encontrar um só defensor daquela estrovenga, a não ser os membros da força-tarefa, coordenada por Deltan Dallagnol. A Constituição veda expressamente a maracutaia em pelos menos três artigos. E um quarto impede a homologação do acordo, o que feria de morte o despacho da juíza Gabriela Hardt, que não vale mais.
Tratei do assunto aqui na sexta passada. À tarde, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, ex-Batman do Menino Prodígio, foi às redes sociais esculhambar os críticos da fundação. Num trecho notável de seu ataque, compartilhado por Robin, lia-se: "Sobre as críticas à destinação de 2 bilhões e 500 milhões de reais, pode-se dizer que há os que não leram e criticam; há os que leram, não entenderam, e criticam; e há os que leram, entenderam, e, por má-fé, criticam."
Notem que esse arauto de um novo tempo da democracia brasileira não considera a hipótese de haver alguém que tenha lido e entendido e que discorde de boa-fé. Quando esses valentes estão na arena do debate, só uma postura é aceitável: dizer "sim". Não é por acaso que a Lava Jato pegou carona em Jair Bolsonaro, e Jair Bolsonaro, na Lava Jato. E também não é à toa, para quem sabe como funciona o circo, que o presidente da República busca agora meios de conter a escalada de Sergio Moro, seu "indemissível ad nutum"…
(…)
Mais uma: a conversa de que processos unificados na Justiça Eleitoral, quando envolvem acusações de caixa dois e eventuais crimes conexos, concorreriam para a impunidade e agrediriam a Lava Jato é outra fantasia totalitária dos espadachins da reputação alheia. Sem contar o absurdo da premissa: a de que o juiz iria, necessariamente, atuar em desfavor da lei e da sociedade. A imprensa comprou a pauta e não se dá conta de suas implicações. Impor a divisão implicaria admitir o princípio ou da incompetência ou da má-fé.
(…)
Íntegra aqui