FIM DO SHOW 2: Objetivo não é vencer eleição, é governar. Bolsonaro ignora
A bobajada que ajudou a eleger Bolsonaro tinha e tem uma embalagem: "nova política", em contraste com a "velha". E, ora vejam, por "novo" se entende um presidente que concentrasse poderes verdadeiramente ditatoriais e que expedisse "diktats" ao Congresso. Acontece que isso não funciona nem com os parlamentares que se elegeram segundo, vá lá, mecanismos tradicionais de representação nem com aquela turma que passou a ter existência política nas redes sociais, vivendo num eterno "Show de Truman". Faço aqui uma alusão ao filme de Peter Weir, estrelado pelo ator Jim Carey, que encarna Truman Burbank, que é espiado por milhões de pessoas todas as horas do dia, sem saber que é uma personagem que foi concebida e vive num grande estúdio. Esses "parlamentares das redes" são menos inocentes.
O que há de novo, neles, em essência? Nada! Vivemos, aqui e no mundo, a era do populismo eletrônico. Se a grei que dá os "likes" resolve dizer a seus parlamentares virtuais um "não", inclusive à reforma da Previdência, então é "não". E pouco importa que pertençam ao PSL. Até porque este também não é um partido, mas um ajuntamento de pessoas que, a exemplo de Bolsonaro, resolveram tirar uma casquinha da derrocada petista. Tinham na cabeça o quê? A maioria, nada! Eram, com raras exceções, especialistas bem-sucedidos na ofensa e na agressividade gratuitas nas redes.
Muito bem! Bolsonaro venceu a disputa. Mais de uma vez, ele próprio chamou a eleição de "milagre" — repetiu a tolice nos EUA. Não! Milagre é acontecimento sem causa, a não ser a intercessão divina. Dá para saber por que Bolsonaro ganhou. As causas são conhecidas. Só que não se disputa uma eleição para vencer o adversário. Essa é apenas a condição necessária para o real objetivo da vitória: governar. E isso Bolsonaro não sabe fazer. E, em certa medida, não quer.
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