O FIM DE BOLSONARO 1: Aquele que foi eleito não vai mais governar. Acabou!
Observei dia desses no programa "O É da Coisa" que o ânimo do mercado com a reforma da Previdência era pouco realista — a mesma falta de realismo, diga-se, que marcou o entusiasmo dessa turma com a candidatura de Jair Bolsonaro. Tinha-se a impressão de que o candidato à Presidência era Paulo Guedes. Houve até quem acreditasse que existe mesmo em política um troço chamado "carta branca".
Guedes, ele mesmo, alçou a própria ingenuidade a categoria de pensamento — a expertise de homem bem-sucedido nos negócios não quer dizer muita coisa em Brasília, Washington ou Cabul — ao dar a impressão de que tinha a fórmula mágica para mudar a Previdência: o governo não entraria no tal "toma lá dá cá" que teria caracterizado outras gestões, faria acordo com os governadores, promoveria uma revolução descentralizadora no Orçamento e correria para a galera, ao som de "É cam-pe-ão".
E ai de quem, a exemplo deste escriba, ousasse dizer: "Ah, isso não funciona, não é assim". Governadores não mandam em bancadas federais; acreditar nisso é uma tolice da inexperiência. Mudar o Orçamento, como pretende o ministro, depende de se estabelecer um amplo consenso no Congresso — e o mesmo vale para a reforma.
Pois bem! O Bolsonaro que foi eleito não vai conseguir fazer nada disso. O Bolsonaro que foi eleito não vai conseguir governar. O Bolsonaro que foi eleito já acabou. "Ah, ele vai cair?" Não sei. Pode até ser que fique no poder um senhor chamado Jair Messias Bolsonaro. Se ficar, não será, felizmente, o que venceu a eleição. Aquele podia servir para vencer o PT — e não foi com meu voto. Mas não serve para governar. E não vai governar.
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