“Oração aos Marombeiros”, de Rui Maciste Barbosa. “Si vis jus para brachia”
Como sabem, Rui Maciste Barbosa, marombeiro inigualável e jurista de escol, foi paraninfo dos formandos de 1920 da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, também conhecida por "Academia". E por que "academia"? Porque a instituição foi pioneira em associar o bíceps, o tríceps e o trapézio aos chamados "direitos fundamentais do marombeiro". No discurso de 1920, Maciste disse uma verdade insuperável, em latim: "Se vis jus para brachia". Ou: "Se queres a Justiça, prepara os braços".
Inaugurava uma escola de direito, de que o juiz Marcelo Bretas é um fanático.
Abaixo, trecho ainda inédito — estava escondida na poeira do tempo da biblioteca da "Academia" — da "Oração aos Morombeiros".
"Não, marombeiros meus (deixai-me experimentar, uma vez que seja, convosco, este musculosíssimo nome); não: os bíceps não são frívolos, tão carnais, quanto se cuida. Há neles mais do que um assombro fisiológico: um prodígio da maromba. É o órgão da fé, o órgão da esperança, o órgão ideal. O peitoral malhado vê, por isso, com os olhos do corpo o que não veem os olhos da alma. O abdômen trincado de um estudioso do direito divisa Narciso ao longe; existe para ser curtido, retransmitido, apreciado, não por seus dons do pensamento, mas por sua força exibicionista. Onde para o cérebro de ver, outorgou-lhe o Personal do Universo que ainda veja com os músculos. Até onde chegam as vibrações da panturrilha, até onde se perdem os surtos das coxas, até onde se somem os voos do trapézio: até Maciste mesmo, visível como os panoramas do coração disparado pela adrenalina e pela testosterona; presente ao céu à terra, a todos nós presentes, enquanto nos palpite, incorrupto, no peitoral malhado, o músculo da vida e da nobreza e da porrada humana".
Maciste era demais!
Em suma, ele perguntava: sem braços para mostrar no Instagram, a que serve o pleno domínio da Carta Magna?