Até quando judeus brasileiros se calarão sobre a identidade dos genocidas?
Jair Bolsonaro visitou o Museu do Holocausto, em Israel, e repetiu a estupidez que Olavo de Carvalho e Ernesto Araújo lhe sopram aos ouvidos: "O nazismo é de esquerda".
A entidade que ele visitou informa aos visitantes:
"Essa frustração, associada à resistência intransigente e as advertências sobre a crescente ameaça do comunismo, criaram um solo fértil para o crescimento de grupos radicais de direita na Alemanha, gerando entidades como o Partido Nazista".
Ainda voltarei ao tema, mas faço já a pergunta: até quando os judeus, em especial os brasileiros, permitirão que a sua história seja miseravelmente distorcida em razão de uma aliança episódica — que, de resto, mal esconde a fraude intelectual em que está assentada?
O que Bolsonaro e os delirantes de seu entorno ideológico fazem é mudar o perfil dos genocidas, dos assassinos em massa, do regime que procurou eliminar um povo da face da Terra.
Há a memória de mais de seis milhões de mortos, só entre os judeus, que merece um pouco mais de respeito.
Quem viola cemitérios judaicos na Europa? São os esquerdistas?
Quem marcha nas ruas contra a "conspiração judaica"? São os esquerdistas?
Quem vê os judeus como inimigos nos EUA? Os supremacistas de extrema-direita ou a esquerda?
Quem espalha cartazes acusando George Soros, "o judeu", de conspirar com os comunistas? As esquerdas?
Fato: os comunistas dividiam campos de concentração com os judeus. Só a cor do triângulo era diferente.
Não sou judeu. A minha indignação é de alguém que tem apreço pela história. É a de um humanista.
Se fosse judeu, teria um motivo a mais para falar.
Se fosse judeu e me calasse, estaria agredindo uma dupla condição: a de judeu e a de humanista.
Jamais ensinarei um judeu a ser judeu, um negro a ser negro, uma mulher a ser mulher.
Porque não sou judeu, não sou negro, não sou mulher.
Mas posso ensinar um pouco de responsabilidade histórica a quem queira aprender o que é isso: judeu, negro, mulher…