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Reinaldo Azevedo

Barroso 3: Ministro tenta blindar procuradores por princípio. Por quê?

Reinaldo Azevedo

02/04/2019 07h30

O ministro Roberto Barroso, do Supremo, desperta em mim os instintos mais produtivos. Havia feito dois posts sobre suas vastas emoções e pensamentos imperfeitos. Mas ele merece mais um. Ainda naquele seminário havido no Estadão sobre como a Lava Jato fundou uma nova civilização no país, destaco este trecho:
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse esperar que o inquérito aberto pelo presidente da Corte, Dias Toffoli, para investigar notícias falsas contra o Supremo não atinja procuradores que criticaram o STF. "Eu, sinceramente, espero que não", declarou, quando perguntado.

Não entendi. Virou agora o Batman nos meninos-prodígios?

Mesmo que a investigação tropece numa eventual ação ilegal de um procurador, não se deve investigá-lo, é isso? Não! Eu não sei de nada e não estou dando pistas ou fazendo futrica. A questão, aqui, é de princípio. Até o papa Francisco admitiu ontem que errou numa referência que fez ao feminismo, por exemplo. A própria Igreja Católica já pediu desculpas por erros e omissões. Mas um procurador está acima até do erro?

Só nas ditaduras quem investiga não pode nunca ser investigado.

E que se note: à diferença do lixo moral que andam estimulando por aí, especialmente os punitivistas, não creio que pessoas devam ser investigadas por princípio: só para ver se aparece alguma coisa. Agora, se aparecer, procuradores estão acima da força humana?

Falando desse jeito, fica parecendo que se está em busca de uma vacina: quando e se aparecer, então se pode dizer que é perseguição.

Os procuradores já foram canonizados, e ninguém nos avisou?

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.