TCHUTCHUCA 1: É preciso um Tigrão da habilidade política; só há tchutchucas
É evidente que a reforma da Previdência não pode ficar à deriva como está. É claro que o papel de Paulo Guedes não é fazer corpo a corpo com parlamentares. Ainda que sua presença na CCJ fosse politicamente obrigatória, deveria haver um grupo organizado para protegê-lo. E não havia. Lá estavam os parlamentares da "nova política" para espalhar gritaria e pontos de exclamação. Mais do que eu, o mercado é que decidiu repreender Paulo Guedes por seu desempenho na CCJ — repreensão que se estende ao governo. A Bolsa caiu 0,93%; o dólar subiu 0,54%. E, obviamente, esses números nada têm a ver com o comportamento do deputado Zeca Dirceu (PT-PR) e dos petistas em geral. Daqueles que se opõem à reforma da Previdência, esperava-se que se opusessem. Isso já estava precificado. Aquilo com o que não contavam, aí sim, era a bagunça a que se assistiu. Não me surpreendeu porque que já havia advertido para o risco. O curioso é que o ministro cancelara uma ida à CCJ porque pressentira o perigo. Oito dias depois, o governo não conseguiu evitar o desastre. A razão é simples: não existem articulação política, estratégia, nada. Trata-se de um amontoado de gente a fazer e a dizer coisas sem sentido. Aí fica difícil. O governo precisa de um "Tigrão" da articulação e da habilidade políticas. Até agora, só há tchutchucas. Despreparadas.
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