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Reinaldo Azevedo

TCHUTCHUCA 2: Petista extrapolou; Guedes abusa do “argumentum ad plenarium”

Reinaldo Azevedo

04/04/2019 07h07

Deputado Zeca Dirceu no momento em chamou Paulo Guedes de "tchutchuca" de poderosos

É razoável que um deputado diga que um ministro de Estado é "tigrão" quando trata da aposentadoria dos pobres, mas é "tchutchuca" quando mexe com a turma mais privilegiada do nosso país"? Não! É claro que não é. Mas foi o que fez Zeca Dirceu (PT-PR) nesta quarta ao se referir ao ministro Paulo Guedes, que participava de uma audiência na Comissão de Constituição e Justiça. Aí foi a vez de Guedes demonstrar que podia ir ainda mais longe: "Tchutchuca é sua mãe, é sua avó". A sessão foi encerrada. Mas, àquela altura, a vaca chafurdava no brejo havia muito tempo. Como já escrevi aqui, Guedes compareceu à CCJ pintado para a guerra. Já tinha errado o tom ao falar na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado no dia 27 de março. O membro de um governo que tenta emplacar uma mudança impopular, como é a reforma da Previdência, tem de saber que aqueles que a ela se opõem vão tentar desestabilizá-lo. Aconteceu em todos as gestões passadas. Mas reitero: àquela altura, Guedes já havia abusado dos "argumentum ad plenarium", uma variante desastrosa, se o objetivo é ganhar votos, do "argumentum ad hominem".  Nesse caso, tenta-se desqualificar o interlocutor apontando alguma característica sua que o torne um… mau interlocutor. Guedes adotou como expediente evidenciar que os deputados que com ele conversavam eram ou insensíveis aos problemas do Brasil ou, eles mesmos, beneficiários de um regime de previdência injusto. Nunca vi tanta inabilidade concentrada num só político — e hoje é o que ele é: político. Afinal, a reforma depende do voto daqueles que ele tratava com evidente menoscabo.
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Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.