TCHUTCHUCA 3: Diatribe e reação absurdas; o governo paga por suas escolhas
É claro que a diatribe de Zeca Dirceu é inaceitável. A reação idem. Mas, se pararmos por aqui, seremos apenas judiciosos sobre comportamentos que consideramos errados. A questão está em saber por que aquele desastre aconteceu, não é mesmo? A resposta é simples: essa é a consequência lógica, elementar e fatal de uma escolha: o governo não dispõe até agora de uma base de apoio organizada no Congresso. Isso entregou a sessão praticamente aos adversários da reforma. Não por falta de aviso ou advertência. Em que pesem esforços certamente sinceros do deputado Felipe Francischini (PSL-PR), marinheiro de primeira viagem, em primeiro mandato, sua inexperiência o fez refém de pessoas que conhecem as marcações do palco muito melhor do que ele. Noto nas redes sociais o esforço de governistas para caracterizar Guedes como vítima da truculência petista, mas é difícil emplacar esse discurso porque a oposição explícita ao governo Bolsonaro na comissão é uma ampla minoria. Mais: até o episódio da tchutchuca, Guedes não havia procurado evitar o confronto em nenhum momento. Ao contrário: ele também o buscou. E, que se reitere, não só com deputados marcadamente da oposição. Havia ali uma pronunciada indisposição com o próprio Parlamento. Ou se arruma isso, ou não é a reforma de Guedes que vai para o vinagre. Esta já foi. Nesse ritmo, não haverá reforma nenhuma.