PÓS-PESQUISA 4: A reação é péssima. E o que pode dar certo e o que nunca dá
A reação inicial do presidente à pesquisa Datafolha não é nada boa. Convidado a comentar os números, disse:
"Datafolha? Não vou perder tempo para comentar pesquisa do Datafolha, que diz que eu ia perder para todo mundo no segundo turno".
Eis aí. O presidente confunde um instrumento de medição com expressão de um desejo. Aí fica difícil. Na primeira pesquisa sobre o segundo turno, em 11 de outubro, o Datafolha apontou, por exemplo, que ele poderia ter 58% dos votos válidos, chegando a 59% no dia 19. Na véspera da eleição, o instituto apontou 55% dos votos válidos. E as urnas lhe deram 55,13%.
Bolsonaro demonstrou indignação ainda com outro dado:
"Tem um item lá de que Lula e Dilma são mais inteligentes do que eu. Valeu, Datafolha".
Bolsonaro não se dá conta de que ele deveria, então, brigar com o eleitorado. Consideram-no muito inteligente 58% dos entrevistados, contra 39% que dizem que ele é pouco inteligente. De fato, nesses quesitos, foi superado por Lula e Dilma, muito inteligentes, respectivamente, para 69% e 85% dos entrevistados, e pouco para 24% e 9%.
Alguém tem de avisar Bolsonaro que essa não é uma avaliação que o instituto faz de sua inteligência. Esse é o modo como o veem e como os outros eram vistos.
Bolsonaro tem dois caminhos: começar a trabalhar, amansar o discurso e falar ao conjunto dos brasileiros. Pode até dar certo. A alternativa é voltar-se ainda mais para os sectários das redes sociais, em número decrescente, e pregar apenas para convertidos. Fatalmente dará errado.