TIRO PELA CULATRA 2: Maioria rejeita absurdos do “pacote anticrime” de Moro
Nas alterações que propôs nos artigos 23 e 25 do Código Penal, Sérgio Moro, que consegue espancar a lógica com o mesmo desassombro com que espanca a língua portuguesa e o direito, confere, sim, licença para matar quando mistura legitima defesa com um tal "excesso escusável" e com o que chamo "morte preventiva", que foi a alegação usada pelos soldados do Exército que despejaram 80 tiros no carro em que estava uma família que se dirigia para um chá de bebê, matando o músico Evaldo Rosa dos Santos. Por óbvio, a esmagadora maioria dos brasileiros acha que a polícia pode matar em legítima defesa (72% a 25%), mas rejeita a ideia (68% a 29%) de que a sociedade seria mais segura se os policiais matassem mais suspeitos. Nada menos de 81% se opõem à ideia de que policiais deveriam ter mais liberdade para atirar, mesmo havendo risco de atingir inocentes; 79% dizem que policiais que matam em serviço têm de ser investigados; 82% repudiam a não-punição de uma pessoa que alegue ter atirado em outra porque muito nervosa.
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