Bolsonaro corrige fala sobre Holocausto e acerta: diz o que está neste blog
Museu do Holocausto: na história, há ações que são e devem ser imperdoáveis. Têm de constituir a memória do que nunca mais pode ser nem deveria ter sido
Não ligo que em nova mensagem dirigida a Israel, o presidente Jair Bolsonaro tenha plagiado um texto meu. Sugiro até que outros o façam, rsss. Se puderem dar o crédito, melhor.
Neste sábado, Bolsonaro mandou uma mensagem a autoridades de Israel em que afirma:
"Deixei escrito no livro de visitantes do Memorial do Holocausto em Jerusalém: 'AQUELE QUE ESQUECE SEU PASSADO ESTÁ CONDENADO A NÃO TER FUTURO'. Portanto, qualquer outra interpretação só interessa a quem quer me afastar dos amigos judeus. Já o perdão é algo pessoal, nunca num contexto histórico como no caso do Holocausto, onde milhões de inocentes foram mortos num cruel genocídio".
Ah, bom!
Para quem não se lembra, na quinta, em reunião com evangélicos, o presidente afirmou:
"Fui, mais uma vez, ao Museu do Holocausto. Nós podemos perdoar, mas não podemos esquecer. E é minha essa frase: Quem esquece seu passado está condenado a não ter futuro. Se não queremos repetir a história que não foi boa, vamos evitar com ações e atos para que ela não se repita daquela forma".
O presidente de Israel, Reuven Rivlin, e o Museu do Holocausto reagiram com dureza. Escrevi a respeito. No meu post, lê-se:
"Se é possível, num ato de superioridade do espírito, perdoar o mal que alguém lhe fez — e aí está um dos pilares do cristianismo —, inexiste perdão para uma ideologia, um pensamento ou um conjunto de valores que pugna pelo mal essencial, que consiste na eliminação do "outro" porque outro; no extermínio de um etnia, de uma cultura, de um povo; na redução daqueles que não somos nós à condição de coisa. Não há perdão"
Como se vê, agora ele ajustou a fala — logo, a outra era torta. Como, aliás, registrou até o presidente de Israel. Afinal, há poucos dias, Bolsonaro já havia dado uma outra grande contribuição ao debate negando que o nazismo fosse um movimento de extrema-direita, não é mesmo?
