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Reinaldo Azevedo

Eliminar os radares de velocidade é uma das ideias de Bolsonaro que matam

Reinaldo Azevedo

15/04/2019 07h38

O governo Bolsonaro, reitero, é fascinado pela imaginação destruidora. Dito de outro modo: não existe propriamente um governo. O presidente vai se deixando influenciar por uma patota de reacionários que o cerca, para os quais qualquer forma de organização do Estado e de disciplinamento da vida em sociedade cheira a coletivismo e, quem sabe?, a socialismo… Coisas lá do guru esquisitão. A menos, claro!, que a interferência da mão grande do Estado atenda à clientela eleitoral do presidente, a exemplo do que se viu na estúpida intervenção na Petrobras.

De todas as estultices de Bolsonaro, a sua determinação de eliminar os radares das rodovias federais beira a ação criminosa. Ao lado de ser um dos campeões mundiais em homicídios dolosos, o Brasil também está entre os países que mais matam em acidentes com automóveis: 37 mil por ano.

Agora leiam o que informa a Folha:
Levantamento da Folha mostra que a redução média de mortes foi de 21,7% nos quilômetros de rodovias federais em que o dispositivo eletrônico foi colocado. Os dados apontam ainda para uma redução de 15% nos índices de acidentes após a instalação dos radares.

Segundo Bolsonaro, os aparelhos serão retirados das estradas conforme seus contratos de operação terminem. Novos contratos não serão firmados, diz. Procurado pela Folha, o Ministério da Infraestrutura não fala em fim dos radares, mas em reavaliação.

O governo federal deveria estar assinando os novos contratos dos radares que substituem as antigas contratações. Após a declaração do presidente, alguns trechos de estradas ficaram sem controle de velocidade, segundo as empresas do ramo.

Na quarta-feira (10), uma liminar da Justiça Federal determinou que nenhum radar fosse retirado de rodovias federais e que o governo prorrogasse por 60 dias os contratos perto de expirar. A decisão diz que não há dados técnicos que justifiquem o fim do serviço.
(…)

Pedro de Paula, coordenador da Iniciativa Bloomberg para Segurança Global no Trânsito, diz que elementos locais como má sinalização ou maior fluxo de veículos podem aumentar o risco da via.

"É esperado que uma política pública tenha ineficiências. É preciso olhar para os pontos ineficientes e melhorá-los e não abandonar o sistema inteiro, que é positivo", avalia.

Comento
É estupidamente irresponsável que um presidente dê uma determinação como essa sem contar com um miserável estudo que o oriente ou que explique a decisão. Como se vê, a realidade aponta para o contrário.

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.