OS TRAPALHÕES 5: Maia e a pergunta sobre os pobres. E as milícias virtuais

Rodrigo Maia indga a coisa certa sobre o governo Bolsonaro: o que tem planejado para a área social?

Rodrigo Maia, presidente da Câmara, esteve nesta segunda na Fiesp, onde participou de um seminário. Fez a defesa da reforma da Previdência e evitou o pessimismo. Chegou até a dizer que a proposta de capitalização de Paulo Guedes é possível, embora poucos acreditem nisso no Congresso. Cumpria, a meu ver, um papel institucional. Falou antes de a CCJ aplicar a derrota ao governo com a inversão de pauta, o que evidenciou a óbvia instabilidade da base. Mas a parte mais importante de sua fala foi outra: o deputado cobrou um eixo do governo Bolsonaro. Afinal de contas, este governa por quê?

Afirmou:
"A agenda econômica está na linha certa, mas para um político de centro-direita —não sou político de direita como o presidente Bolsonaro—, cabe falar um pouco do que pensa sobre outros temas. Um presidente que, no espectro político, está à direita dos anteriores tem de apresentar suas propostas para habitação, saneamento, redução da pobreza e educação".

E prosseguiu:
"O que a gente tem a dizer sobre os principais programas do PT e o que se coloca no lugar disso? Para que não fique parecendo que só os partidos ditos de centro-esquerda têm agenda para cuidar de modo objetivo da sociedade".

O presidente da Câmara tocava, assim, numa questão que hoje tem preocupado os partidos que, ainda que não alinhados ao governo, transitam um pouco na sua órbita. Também eles já se incomodam com algo que tenho apontado aqui: Bolsonaro parece ter uma paixão obsessiva por desfazer o que foi feito, disposição que ele próprio já vocalizou, mas sem dizer o que vai pôr em seu lugar. Um governo assim se descola da sociedade e cede espaço aos adversários.

E, como se nota na fala de Maia, temos o governo de uma agenda só: a reforma da Previdência. Da qual não cuida. Mas que interlocução mantém com a sociedade, além das milícias organizadas no mundo virtual?