BAGUNÇA 3: Guedes insiste em graninha a governadores por reforma. É bobagem
O governo continua descolado da realidade, e isso inclui Paulo Guedes, ministro da Economia. Paulo Guedes estuda, por exemplo, antecipar para Estados e municípios recursos do leilão de petróleo do pré-sal, marcado para 28 de outubro, se houver indicação de que a reforma da Previdência será aprovada. Em mais um aceno para angariar o apoio de governadores e prefeitos para a reforma, Guedes afirmou o seguinte: "Estamos falando de, no mínimo, R$ 4 bilhões, podendo chegar a R$ 6 bilhões, uma possível antecipação da cessão onerosa. Depende da capacidade de aprovação das reformas". A maioria dos Estados se encontra numa pindaíba fabulosa, e esse dinheiro fará pouca diferença. Mas vá lá. Ocorre que condicionar a antecipação à aprovação das reformas faz supor que a pressão dos governadores possa ter algum peso no destino da reforma. E, infelizmente para o Planalto, não tem. Essa era a aposta inicial do então coordenador econômico do candidato Jair Bolsonaro, reiterada depois da eleição e antes da posse. Na fantasia de Guedes, ele desengessaria o Orçamento, jogaria dinheiro nas mãos dos governadores — e essa grana se somaria àquela derivada da venda dos barris de petróleo que excederam o previsto na chamada cessão onerosa —, e chefes dos Executivos estaduais formariam uma tropa de choque em favor da reforma. Desde a campanha, chamei a atenção para mais esta ilusão: a influência de governadores no Congresso é muito menor do que se supõe. Investir nessa questão é pura perda de tempo.
Continua aqui