IMBRÓGLIO 2: Moraes deveria levantar interdição para evitar a contaminação
Falemos um pouco a respeito. A Constituição veda a censura prévia. Não foi o caso. Ainda assim, o mau cheiro permanece. Há outros instrumentos menos perigosos e, certamente, mais eficazes para conter e punir abusos. Até porque é de se convir que a decisão de retirar os textos do ar deu uma amplitude a seu conteúdo que antes não tinha. Os que nem haviam tomado conhecimento do caso dele se inteiraram. E com as piores tintas possíveis porque acende na imprensa o farol amarelo do risco de volta da censura, ainda que por outros meios. Desde a minha primeira manifestação a respeito, neste blog, classifiquei a decisão como um erro. Tal erro não pode nos impedir, no entanto, de apontar que o vazamento em questão é mais um de uma indústria que foi montada desde o início da Operação Lava Jato. E, como se sabe, nem Ministério Público Federal nem Polícia Federal se mobilizaram para conter o que é, obviamente, um abuso. Por intermédio desse expediente, elegem-se alvos, interfere-se no resultado de eleições, destroem-se e constroem-se reputações, cria-se, em suma, uma realidade política. Sim, é preciso reconhecer que a parceria entre a Força Tarefa e a imprensa foi e é intensa. Mas se dá de barato que criminoso é o servidor público que vazou o documento sigiloso, não o veículo que publicou seu conteúdo. E concordo com esse ponto de vista. Embora eu não inove no meu próprio pensamento quando afirmo que parcerias dessa natureza devem ser repensadas. A razão é simples: a imprensa séria, que tem compromisso com a verdade e com a ética, não pode se tornar porta-voz de vazadores que têm interesses políticos — entre outros. Até para que não se confunda com iniciativas que até podem ter a aparência de imprensa, mas que, essencialmente, não são. De toda sorte, para que uma coisa não envenene a outra, Alexandre de Moraes deveria levantar a interdição, o que não impedirá que se investigue o vazamento.
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