Reforma da Previdência pode ter aliança já na CCJ entre oposição e Centrão
As coisas não andam bem para o governo na reforma da Previdência. Não se conseguiu, conforme o previsto, votar o texto nesta terça. Haverá um esforço para tanto nesta quarta. Rodrigo Maia (DEM-RJ) reuniu lideranças ontem à noite com esse intuito. Os governistas acham que não conseguirão enfrentar a obstrução da oposição. Mas isso nem é o mais preocupante. Oposição e partidos do Centrão, com os quais Bolsonaro não teve até agora uma conversa digna do nome, se articulam para retirar pontos do texto já na Comissão de Constituição e Justiça: estão na mira as mudanças no Benefício de Prestação continuada, pago a idosos carentes, na aposentadoria rural, no pagamento de abono salarial e de multa do FGTS — estes dois últimos nem mesmo estão relacionados à Previdência. E também se discute matar já na origem o regime de capitalização. Se isso acontecer, a derrota já é monumental. Se não acontecer, resta claro que a Comissão Especial se encarregará dessas e de outras mudanças. Pode parecer incrível, mas, até agora, a base do governo não se organizou para a votação. Afinal, o núcleo duro do governo, incluindo o presidente e Onyx Lorenzoni, que deveria fazer a coordenação política, estavam ocupados cedendo à chantagem dos caminhoneiros e sofrendo novas ameaças. Para piorar as coisas, a decisão de corrigir o salário mínimo apenas pela inflação, sem ganho real, já se misturou à Previdência. Sim, meus caros, todos sabemos que falta dinheiro. Mas há artigo ainda mais raro hoje em Brasília: habilidade política.