Pai de Neymar com Guedes, Cintra e Bolsonaro é aberração de republiqueta
Brasileiro é mesmo língua de trapo. Neymar da Silva Santos, pai do jogador Neymar, tem uma dívida com a Receita hoje estimada R$ 69 milhões. Mas ele acha que só tem de pagar R$ 11,5 milhões. Até aí, muito bem! Aquele que está no papel de devedor tem mais é de tentar baixar o valor. Pai e filho são eleitores de Bolsonaro. O primeiro fez campanha. O segundo já gravou vídeos exaltando as virtudes do governante. Eis que, nesta quarta, o empresário foi recebido pelo ministro da Fazenda, Paulo Guedes, e pelo secretário da Receita, Marcos Cintra. E depois ainda posou para fotos ao lado do presidente.
Pensem bem: o que há de estranho em alguém autuado pela Receita ser recebido pelo ocupadíssimo ministro da Economia, pelo titular da Receita e depois fazer foto ao lado do chefe da nação?
Acontece a toda hora, não é mesmo?
Basta que haja a acusação de sonegação, e o alvo tem acesso aos dois homens mais poderosos da República está franqueado. E com a escolta do Secretário da Receita.
Nota do Ministério da Economia informa:
"Considerando tratar-se de tema de natureza técnica, regido por regras próprias, ele foi encaminhado ao ministério da Economia. O empresário apresentou seus esclarecimentos ao ministro Paulo Guedes, sendo usual a concessão de audiências ao setor privado, conforme consta na agenda pública das autoridades da União".
Não sei se é mas risível o fato ou a nota. Cumpre observar que o encontro só apareceu na agenda depois de realizado.
Sim, claro! A concessão de audiências "ao setor privado" é usual. Mas para discutir sonegação e formas de baixar o pagamento do que a Receita diz ser devido??? E com o ministro da Economia?
Ademais, Neymar da Silva Santos não é exatamente um "representante do setor privado". Ele é o pai privado de um filho que é uma pessoa pública. Pergunta besta: fossem ambos eleitores de Haddad, o tratamento teria sido mesmo?
Ah, em tempo: ainda que a resposta seja "sim", continuaria impróprio.
Bolsonaro fica bravo é que a Funai gaste dinheiro com o índio.