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Reinaldo Azevedo

BOLSONARO E OLAVO 2: O puxão de orelha em guru valeu quase por um carinho

Reinaldo Azevedo

22/04/2019 22h59

Bolsonaro discursa durante jantar em Washington; à esquerda do presidente, Steve Bannon, ex-estrategista de campanha de Trump; à sua direita, Olavo de Carvalho, saudado como o grande mestre  (Foto: Alan Santos/Presidência da República)

Quando se tratou de puxar o saco de Olavo de Carvalho, como fez no jantar na embaixada brasileira em Washington, Jair Bolsonaro o fez em boca própria, exaltando as qualidades visionárias do prosélito de extrema-direita. Na hora de lhe pôr algum freio, preferiu recorrer ao general Rego Barros, seu porta-voz, obrigado a falar um texto que não pega bem na boca de um militar da ativa, especialmente depois dos despautérios ditos pelo autoproclamado filósofo e professor. Sobre as críticas disparadas lá da Virgínia pelo bruxo, afirmou Rego Barros:
"Suas recentes declarações contra integrantes dos Poderes da República não contribuem para a unicidade de esforços e consequente atingimento de objetivos propostos em nosso projeto de governo".
Trata-se de um palavrório oco e meio escorregadio, que, como se nota, mais acaricia Olavo de Carvalho do que propriamente o censura. Ele acusou os militares de entregar o poder aos comunistas e de destruir o Exército, a Igreja, a maçonaria e até o Partido Comunista. Não produziriam nada mais de útil e seriam hoje apenas homens vaidosos que tingem o cabelo. Ao general Rego Barros, pergunto, mesmo sendo apenas porta-voz: tais críticas, ainda que não contribuam para a unicidade, contribuiriam ao menos para a diversidade? Trata-se de um apanhado de impropérios, sem nenhuma substância — a menos, claro!, que os militares brasileiros também avaliem que contribuíram para entregar o poder aos comunistas. E não para por aí.
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Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.