BONS VENTOS D’ESPANHA 1: Moderação vence discurso populista e neofascismo
Não dá, por óbvio, para dizer que a virada antipopulista começou no mundo. Mas é possível, ao menos, comemorar a chegada de uma brisa fresca oriunda da Espanha. Os prognósticos mais sombrios não se confirmaram. Pelo contrário: o partido "Vox", de extrema-direita, conseguiu, é verdade, eleger 24 representantes num colegiado que reúne 350 membros e que atende pelo nome de "Congresso dos Deputados", mas a maioria do país rejeitou o extremismo e deu uma dura lição no Partido Popular, que, na disputa, deixou de lado a sua história de moderação, identificada com a direita liberal, e aderiu ao discurso raivoso e francamente reacionário. Resultado: O PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), que conquistou 85 cadeiras em 2016, saltou para 123, numa votação consagradora; o PP, que achegou a 137 no pleito anterior, despencou para 66, um resultado verdadeiramente humilhante. O esquerdista Podemos caiu de 71 para 42, e o antes centrista Cidadãos, que radicalizou o discurso à direita, cresceu: de 32 para 57. Nas projeções mais tenebrosas, o Vox poderia até passar de 40 cadeiras e se tornar o terceiro partido do país. Não aconteceu. No Brasil, quem corre esse risco, o futuro dirá, é o PSDB se tentar emular com o bolsonarismo. Mas isso fica para outra hora. No Senado, o resultado não foi menos desastroso para o PP e exitoso para o PSOE: este salta das 43 cadeiras conquistadas em 2016 para 121, e o Partido Popular despenca de 130 para 56. O Podemos perdeu os 16 assentos que tinha.
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