APESAR DE VOCÊ 1: Qual é o modo de Bolsonaro não atrapalhar o Congresso?
O Congresso precisa descobrir um modo de o presidente Jair Bolsonaro não atrapalhar muito o país enquanto está por aí. Sei que não é fácil porque, quando um candidato a autocrata se confronta com os limites próprios da democracia, ou estes o contêm e o fazem recuar para as linha divisórias que marcam o seu poder, ou o Napoleão de hospício acaba recorrendo a garantias que são inerentes à democracia para corroê-la. Eis o conflito de fundo de Bolsonaro com o Congresso. E, resta evidente, não é coisa nova. Essa já era a marca do candidato Bolsonaro, que é a expressão político-eleitoral do lava-jatismo. Se a política era um antro indistinto de corrupção, restava se impor contra ela e suas exigências de convivência com o contraditório. Nesse sentido, os ímpetos de ditador de opereta do presidente se casaram perfeitamente bem com a metafísica do momento. Não por acaso, note-se à margem, o vencedor nas urnas levou Sérgio Moro para o Ministério da Justiça. O então juiz fez uso calculado do aparato repressivo-judicial e tornou viável a sua vitória. Bolsonaro deu-lhe um prêmio, claro! Mas se encarregou de esterilizá-lo em seguida como eventual competidor no futuro. Afinal, ambos disputam os mesmos corações, as mesmas vocações, os mesmos ódios, as mesmas simpatias pelo poder autocrático. O aliado da véspera é o adversário do dia seguinte. Mas voltemos ao ponto.
Continua aqui