Novo ataque de Bolsonaro a estudantes e professores incentiva ato de 5ª
O presidente Jair Bolsonaro acha que aqueles que marcharam neste domingo em sua defesa e contra o Parlamento e o Supremo são democratas exemplares, certo? E os que protestaram no dia 15? Na entrevista concedida à Record, ele tentou consertar as coisas e, como de hábito, tornou tudo pior.
Ao comentar a própria fala daquele dia, segundo a qual os que se manifestaram contra os cortes na educação são "idiotas úteis", ele se saiu com esta:
"Eu exagerei. Concordo. O certo são 'inocentes úteis'. Nem sabiam o que estavam fazendo lá."
Ora vejam… Quem, neste domingo, atacou Rodrigo Maia, o principal aliado na defesa da reforma da Previdência, era um sábio. Quem protestava contra cortes de verba para a educação é agora "inocente útil". Lembro que Bolsonaro não se atrapalhou quando disparou aquela ofensa. Afinal, ele emendou um outro adjetivo então: "imbecis".
Avançando na tese dos "inocentes úteis", o ataque ficou reservado aos professores:
"Essa garotada foi usada por professores inescrupulosos que tentaram fazer uma manifestação política contra o governo, uma minoria que não tem o compromisso de fazer com que esses jovens sejam lá na frente bons profissionais, bons empregados ou bons patrões."
Minoria? Os que protestaram contra o governo reuniam mais gente do que os que foram endossar seus arroubos autoritários.
Citando um "líder" que certamente deve despertar a saliva de alguns "bolsominions", Mussolini disse certa feita: "Não é difícil governar a Itália; é inútil". Adapto: fazer Bolsonaro entender o papel de um presidente da República não é difícil; é inútil".
O protesto pró-Bolsonaro, embora eloquente, perdeu para aquele no dia 15. Novas manifestações estão marcadas para o dia 30. Os organizadores estão um pouco apreensivos. Teme-se uma mobilização menor. Não se depender de Bolsonaro.
Como se vê, a exemplo do que fez Abraham Weintraub — o "desministro" da Educação que praticamente convocou o protesto contra o governo no dia 15 —, Bolsonaro dá sua contribuição pessoal para tentar levar gente ao protesto da próxima quinta.
Não sei se vai conseguir. Mas que ele se esforça, ah, meus caros, isso é fato!