MORO NO SENADO 3: A Lava Jato como ente que administra a opinião pública
E onde a dupla Moro-Dallagnol entra na história? Os dois conversam sobre a reportagem publicada no Jornal Nacional. O diálogo é este:
Moro – 09:07:39 – Tem alguma coisa mesmo seria do FHC? O que vi na TV pareceu muito fraco?
Moro – 09:08:18 – Caixa 2 de 96?
Dallagnol – 10:50:42 – Em pp [princípio] sim, o que tem é mto fraco
Moro – 11:35:19 – Não estaria mais do que prescrito?
Dallagnol – 13:26:42 – Foi enviado pra SP sem se analisar prescrição
Dallagnol – 13:27:27 – Suponho que de propósito. Talvez para passar recado de imparcialidade
Moro – 13:52:51 – Ah, não sei. Acho questionável pois melindra alguém cujo apoio é importante
Entenderam o ponto? O próprio Dallagnol — e, nesse particular, estava certo — aventa a hipótese de que nem Janot nem Fachin apontaram a prescrição óbvia porque havia a preocupação de passar ao púbico a imagem da imparcialidade. Explica-se: o PT acusava a força-tarefa de perseguir o partido. Ao se colocar FHC no alvo, ainda que de forma indevida do ponto de vista legal, buscava-se, então, responder a essa acusação. E Moro, desde sempre um político na pele e na toga de um juiz, expressa a sua restrição afirmando que isso acabaria melindrando o ex-presidente tucano, cujo apoio à operação era importante. E, de fato, FHC sempre elogiou o trabalho da força-tarefa — um de seus erros, note-se.
Perceberam? A Lava Jato atua, em todas as suas frentes, não apenas como uma força de investigação, mas também como um ente que pretende administrar a opinião pública. É uma tolice, como andei lendo por aí, a suposição de que a força-tarefa poupou o PSDB ao não investigar FHC. Não cabia investigação. Seu nome foi lançado no ventilador para tentar provar a tal imparcialidade. Até porque a legenda acabou mais avariada do que o próprio PT. E o mesmo aconteceu com o PMDB. A Lava Jato alimenta o ódio à política, não só ao petismo. Essa é a sua grande parcialidade — além, como está demonstrado, de atuar fora dos marcos legais.
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