MORO NO SENADO 5: Ex-juiz terá de responder àquilo que não tem resposta
Vamos ver como vai atuar Sérgio Moro em seu depoimento ao Senado. O esforço em curso, incluindo o de alguns órgãos de imprensa, é para desacreditar os diálogos, não reconhecendo a sua autenticidade — o que é piada — e acusar uma espécie de conspiração para tirar Lula da cadeia. O ministro pretende driblar o fato de que indicou uma testemunha contra o réu ao órgão acusador; que condescendeu com uma sugestão para falsificar uma denúncia para prejudicar esse réu — sim, estou falando de Lula —; que aquiesceu com uma manobra para ligar o ex-presidente a uma fraude milionária na Petrobras para driblar a fraqueza da denúncia; que acatou um truque da Lava Jato para deslocar para Curitiba a investigação sobre o apartamento de Guarujá, que nada tinha a ver com os contratos da Petrobras — como admitiu o então juiz em embargos de declaração —; que orientou a força-tarefa no trabalho de desacreditar a defesa; que se meteu até mesmo na orientação das fases da dita operação.
Obviamente, esse não é o papel de um juiz. Tal comportamento incide no que dispõe o Inciso IV do Artigo 254 do Código de Processo Penal, a saber:
"O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes se tiver aconselhado qualquer das partes"