Augusto Heleno precisa se dedicar mais ao GSI e menos à retórica inflamada
Houve outras imprudências escancaradas neste domingo. O general Augusto Heleno, chefe do Gabinete da Segurança Institucional, está fazendo tudo o que não deve fazer alguém na sua posição: elevar a temperatura retórica, quando seu trabalho é fazer o contrário. Um governo que, na melhor das hipóteses, acaba de ser vítima de um vexame planetário, com cocaína embarcada por um militar num avião que serve à Presidência, não pode ter um de seus homens fortes discursando em protesto, a dizer as seguintes palavras: "O ministro Moro teve a coragem de abandonar 22 anos de magistratura para se entregar à pátria sem ganhar nada. E esse homem está sendo colocado na parede para tirarem da cadeia um bando de canalhas que afundaram o país". Discursou em Brasília, em meio a cartazes que pediam o fechamento do Supremo. Resta o conselho óbvio: cuidar mais da segurança institucional e deixar a política para quem tem habilidade para fazê-la. O general está tenso. Há dias, tem falado muito acima do tom. Deveria perceber que essa crispação mais revela impotência e incapacidade do governo de responder aos problemas do que o contrário.