Bolsonaro está carente de rir dos humilhados! Haverá limites para o humor?
Bolsonaro já está pronto para disputar espaço com alguns filósofos do "stand-up" e responder a seguinte pergunta: "Existe limite para o humor?"
E a sua resposta, como bom filósofo e bom humorista, há de ser: "Não!"
Isso é mais do que uma declaração política. Está revelando uma vocação.
Por que digo isso?
Nas suas vituperações em Sobradinho, negou que tivesse se referido aos governadores nordestinos como "os paraíbas", mas, sabem como é… Um macho como ele nunca recua.
Disparou:
"A gente não pode mais contar uma piada. Não posso nem contar piada de cabeçudo, de goiano, de gaúcho, de cearense cabra da peste. Não há mais liberdade neste país. Tudo é politicamente correto".
É verdade!
Se a gente não puder mais atacar os imigrantes internos e externos, os portadores de necessidades especiais, as mulheres, os negros, os gays, a população de rua, os humildes e desassistidos de forma geral, cumpre indagar: "O que nos resta? Vamos rir do quê? De onde vamos extrair aquela sensação de superioridade para compensar nossas misérias existenciais e morais, espezinhando quem já está tolhido de direitos?"
Um país assim não vale a pena!
Um país assim não tem futuro!
Um país assim ainda acaba pondo fim ao "stand-up" presidencial, não é?
Oh, não!
Longe de mim querer censurar os humoristas que acham que não deve haver limites para o humor. Bolsonaro, no entanto, é presidente da República. O público elege seus comediantes e não está sujeito a seus chiliques. As "graças" de Bolsonaro têm consequências.
A propósito: se humor não tem limite, dá para rir do holocausto, do menino sírio que apareceu morto em uma praia da ilha de Kos, na Grécia, em 2015, e do pai e filha salvadorenhos, também afogados no Rio Grande, na fronteira do México com os EUA, em junho passado.
Se humor não tem limites, então é Deus. Ou o diabo, vai saber…
Você também é aquilo de que você ri. E aquilo que oferece para que outros riam.
Libertem Bolsonaro!
Acima, ofereço três motivos para que ele demonstre que é chegada a hora de pôr fim ao politicamente correto e para que prove, finalmente, com argumentos consistentes, que não existe limites para o humor.