Policiais federais reagem a Bolsonaro e falam em diretor-geral com mandato
As últimas declarações do presidente Jair Bolsonaro sinalizando a troca do diretor-geral da Polícia Federal provocaram críticas de policiais federais e fez ganhar força o discurso sobre uma eventual necessidade de autonomia do órgão.
Bolsonaro disse nesta quinta-feira (22) que é seu direito trocar a direção do órgão e reclamou de críticas que apontam o que seria uma interferência indevida na instituição.
"Agora há uma onda terrível sobre superintendência. Onze [superintendentes] foram trocados e ninguém falou nada. Sugiro o cara de um estado para ir para lá: 'Está interferindo'. Espera aí. Se eu não posso trocar o superintendente, eu vou trocar o diretor-geral", afirmou.
A declaração ocorre quando delegados da PF de todo país estão reunidos em Salvador num simpósio da categoria em que se debate o combate à corrupção no país.
O atual diretor-geral da instituição, Maurício Valeixo, é um dos participantes do evento. Ele não falou sobre as declarações do presidente em seu discurso e não deu entrevista.
Já o diretor da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal, Edvandir Paiva, sentado ao lado de Valeixo, disse que é fundamental que o chefe da PF tenha um prazo de estabilidade no posto.
"É fundamental que nosso diretor-geral tenha mandato. Seja escolhido por critérios técnicos e republicanos. Que tenha capacidade de formar sua equipe sem a interferência de nenhum posto político no governo", disse Paiva.
"A PF é uma polícia de Estado. Nós respeitamos a autoridade que o povo conferiu ao presidente da República. Entretanto o trabalho da Polícia Federal é um trabalho de Estado, permanente, independente de qualquer governo."(…)
Por Wálter Nunes, na Folha.