Datafolha: bolsonarismo-raiz quer o presidente que hostiliza os “paraíbas”
O jogo do presidente Jair Bolsonaro, como destaquei precocemente aqui, é claríssimo. Prega para os convertidos na certeza de que manter essa tropa unida é precondição para levá-lo ao segundo turno em 2022, dado que o campo não-esquerdista pode estar, mais uma vez, fragmentado, ainda que menos do que em 2018.
Pesquisa Datafolha é eloquente a respeito. Lembram-se da fala que chama os governadores do Nordeste de "paraíbas"? Ela é rejeitada por 69% do conjunto dos entrevistados e aprovada por apenas 22%. Entre os que votaram em Bolsonaro, a rejeição diminui bastante, mas ainda lidera: 54% a 36%. Entre, no entanto, os que dizem se identificar com o PSL, a coisa muda bem de figura: 59% acham correto chamar os governadores de "paraíbas".
Mais um dado eloquente: chegam a 70% no conjunto dos entrevistados os que repudiam a indicação de Eduardo Bolsonaro para a embaixada do Brasil em Washington, sob o argumento de que, havendo filé-mignon, deve-se dá-lo a um filho. Só 27% assentem com a afirmação. Entre os que votaram no presidente, o repúdio à afirmação cai, mas ainda é maior do que a aceitação: 54% a 42%. Já entre os peesselistas — os bolsonaristas de raiz —, nada de hesitação: 57% concordam com o presidente e com o bife de carne pública que ele pretende dar de presente à sua cria.
É para essa turma que fala Bolsonaro.