Guedes como um “xucro”. E o “ingênuo” Moro é jogado, de novo, às traças
O presidente Jair Bolsonaro tem um modo singular de avaliar seus ministros. E, ora vejam, mais uma vez, puxa o tapete de Sergio Moro, reduzido a mero peão do seu jogo. Na Folha:
Bolsonaro disse que o ministro Paulo Guedes (Economia) era "chucro" politicamente, assim como o ministro da Justiça, Sergio Moro, um "ingênuo" até chegarem ao governo. Guedes foi citado no contexto sobre a relação do presidente com Moro, desgastada nas últimas semanas.
Segundo Bolsonaro, o ex-juiz federal não tinha "malícia" da política. Na sua avaliação, o nome de Moro não passaria hoje no Senado em uma indicação para ser ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).
Ele voltou a elogiar o ministro da Advocacia-Geral da União, André Mendonça, como cotado para o Supremo. "O André é muito bom", disse.
A Folha questionou o presidente sobre as especulações em torno da possibilidade de Moro disputar a Presidência em 2022. "Já falamos, eu disse para ele que essa cadeira de super-homem é feita de kriptonita. Se quiser sentar, senta".
COMENTO
Para Moro, não sobrou nem o STF nem a vaga no Supremo.
Não deixa de ser curioso que ele visse Guedes como xucro ("chucro" e "xucro" são grafias admitidas; a segunda se tornou mais frequente entre nós). Isso faria supor um observador com excepcionais qualidades de negociador. Convenham: não é bem o caso.
De todo modo, registre-se: o ministro da Economia, de fato, é de uma espantosa inabilidade no trato da política.
Bolsonaro, no entanto, fala como se contasse hoje com a adesão quase unânime do povo a seu governo e lhe sobrasse tempo para admoestar auxiliares que ainda não descobriram o caminho da habilidade política.