No Chile, falas de Bolsonaro sobre ditadura e assassinato repercutem mal
Os ataques do presidente Jair Bolsonaro (PSL) à ex-presidente do Chile Michelle Bachelet criaram um constrangimento para o chanceler do país sul-americano, Teodoro Ribera, que realiza nesta quinta-feira (5) uma agenda oficial em Brasília.
O ministro das Relações Exteriores do Chile encontrará o chanceler Ernesto Araújo, no Palácio do Itamaraty.
O presidente Jair Bolsonaro na ocasião da visita do presidente do Chile, Sebástian Piñera, em Brasília – Adriano Machado – 28.ago.2019/Reuters
No dia seguinte, o chileno se reúne com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
As falas de Bolsonaro —que acusou Bachelet de defender "direitos humanos de vagabundos" e atacou o pai da ex-mandatária, morto pela ditadura de Augusto Pinochet— geraram forte repercussão negativa no meio político e na imprensa do Chile.
O presidente do Senado chileno, Jaime Quintana, exigiu publicamente uma "resposta contundente" do presidente Sebastián Piñera e da sua chancelaria.Ele tuitou: "Presidente @jairbolsonaro, los chilenos no aceptamos sus dichos. La dictadura que usted avala y reivindica torturó a miles de personas, entre ellos el padre de la Presidenta Bachelet que terminó perdiendo la vida. A ratos usted parece un dictador vestido con traje de demócrata."
Diante das cobranças, o presidente chileno declarou que não compactua com as falas de Bolsonaro.
Interlocutores que acompanham o tema afirmaram que Ribera estava em voo com destino ao Brasil enquanto ocorriam as manifestações de repúdio, no Chile, às declarações de Bolsonaro.
O desconforto gerado foi tamanho que, ao chegar ao Brasil, ele divulgou um vídeo com um desagravo a Bachelet. Nele, o chanceler chileno diz que a ex-presidente do seu país "teve um papel determinante" na construção do Chile atual.(…)
Na Folha.