Maioria defende apoio oficial à cultura, mas há um flerte com a censura
É, meus caros…
Quando se trata de cultura e liberdade de expressão, digamos que o preço da liberdade é a eterna defesa da liberdade.
Por que digo isso? São dados da pesquisa Datafolha.
Nada menos de 72% dos brasileiros acham que o governo deve apoiar a realização de filmes nacionais. Só 23% dizem que não. A esmagadora maioria apoia as leis de incentivo à cultura (67% a 26%). Uma maioria ainda expressiva avalia que as críticas do presidente Jair Bolsonaro ao cinema e as ameaças de fechar a Ancine (Agência Nacional de Cinema) são uma forma de censura: 58% a 34%.
Mas, ora vejam, nada menos de 45% acreditam que o presidente deveria aprovar pessoalmente os projetos que contam com apoio público.
Sim, é muito provável que a consideração implícita seja a seguinte: se existe alguma forma de dinheiro público, então é razoável que o governante interfira. É evidente que se trata de uma prática inaceitável.
Nesse caso, a escolaridade faz uma brutal diferença na opinião: 52% das pessoas com ensino fundamental e 40% das que têm ensino médio concordam com a interferência do presidente. O apoio ao que seria um ato explícito de censura cai para 29% entre os brasileiros com ensino superior.
Ainda assim, convenham, é um número absurdo. Quase 30% daquela parcela que compõe algo parecido com uma elite intelectual no país condescende com o governante como censor público.