COLUNA NA FOLHA: Entre Bolsonaro e Moro, escolho a Constituição
O Papol (Partido da Polícia) —que reúne braços do MPF (e associados locais), da PF, da Receita, do Coaf (rebatizado de UIF) e do Judiciário— entrou em colapso. O lance mais estrepitoso da turma é a renúncia coletiva dos procuradores da Lava Jato lotados na Procuradoria-Geral da República.
A pressão não é feita sobre Raquel Dodge, que está saindo. É endereçada a Augusto Aras, que vai assumir a PGR. A operação manda um recado ao próprio Bolsonaro: "Cuidado, pode haver rebelião!".
Mas pode? A ver. Na coluna da semana passada, escrevi logo nas primeiras linhas: "Duas concepções de Estado policial que viveram um enlace amoroso que se pretendia duradouro estão em choque: a da Lava Jato e a do presidente Jair Bolsonaro".
O dito "Mito" percebeu logo nos primeiros dias de governo que ou deglutia Sergio Moro ou seria deglutido por ele. Na primeira leva de diálogos divulgados pelo site The Intercept Brasil, os colegas de Deltan Dallagnol constataram que Sergio Moro assumiria o Ministério da Justiça com poderes inéditos.
Adicionalmente, havia a declarada intenção do ex-juiz de levar a Lava Jato para dentro do governo, o que ele considerava uma evolução do modo como resolveu levar adiante a suposta luta contra a corrupção. Nota à margem: por que "suposta"? Não se combateram os malfeitos? Também. Mas uma corrupção maior, no sentido agostiniano –de Santo Agostinho–, se consolidou: a da ordem legal.(…)
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