Livro e entrevista de Janot desnudam a Lava Jato; criou o país que se vê
Há muitos outros aspectos a comentar sobre o livro e as entrevistas de Rodrigo Janot. Há situações envolvendo personalidades da vida pública que têm o cheiro indisfarçável do delírio. Há circunstâncias em que se constata prevaricação descarada caso esteja dizendo a verdade. Tudo isso ficará para mais tarde. O mais grave não está aí não.
Um livro? Para quê? Um dos maiores responsáveis pela desordem institucional e política do Brasil parece ter resolvido buscar mais alguns minutos de fama depois de o destino não lhe ter reservado nada além da indigência intelectual e moral.
Peço que vocês reflitam a respeito de um aspecto. Um procurador-geral que admite ter entrado armado no Supremo para matar um ministro e se matar em seguida porque ficou contrariado com dois posts publicados sobre a filha — com informações objetivas, diga-se, e sem acusações —, é capaz de fazer, na rotina do seu trabalho, exatamente o quê?
Tinha condições emocionais e técnicas de conduzir a PGR?
Se, uma vez contrariado — e Gilmar Mendes nada tinha a ver com os posts, é claro! —, logo pensa da eliminação física do ministro, como terá tratado os investigados? Que espírito imprimiu à Lava Jato? Como via as limitações impostas por diplomas legais?
O Brasil ficou à mercê de um celerado.
Mas sua obra não é irrelevante, não! Ele é um dos grandes responsáveis por isso que está aí.
Que coisa!
A revolução moral brasileira foi conduzida por um confesso espírito homicida.
Alguém está surpreso com o que se vê à volta?