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Reinaldo Azevedo

Livro e entrevista de Janot desnudam a Lava Jato; criou o país que se vê

Reinaldo Azevedo

27/09/2019 08h15

Acima, uma das formas que Rodrigo Janot tem de vencer um debate sem precisar ter razão (Foto: Antônio More/Gazeta do Povo)

Há muitos outros aspectos a comentar sobre o livro e as entrevistas de Rodrigo Janot. Há situações envolvendo personalidades da vida pública que têm o cheiro indisfarçável do delírio. Há circunstâncias em que se constata prevaricação descarada caso esteja dizendo a verdade. Tudo isso ficará para mais tarde. O mais grave não está aí não.

Um livro? Para quê? Um dos maiores responsáveis pela desordem institucional e política do Brasil parece ter resolvido buscar mais alguns minutos de fama depois de o destino não lhe ter reservado nada além da indigência intelectual e moral.

Peço que vocês reflitam a respeito de um aspecto. Um procurador-geral que admite ter entrado armado no Supremo para matar um ministro e se matar em seguida porque ficou contrariado com dois posts publicados sobre a filha — com informações objetivas, diga-se, e sem acusações —, é capaz de fazer, na rotina do seu trabalho, exatamente o quê?

Tinha condições emocionais e técnicas de conduzir a PGR?

Se, uma vez contrariado — e Gilmar Mendes nada tinha a ver com os posts, é claro! —, logo pensa da eliminação física do ministro, como terá tratado os investigados? Que espírito imprimiu à Lava Jato? Como via as limitações impostas por diplomas legais?

O Brasil ficou à mercê de um celerado.

Mas sua obra não é irrelevante, não! Ele é um dos grandes responsáveis por isso que está aí.

Que coisa!

A revolução moral brasileira foi conduzida por um confesso espírito homicida.

Alguém está surpreso com o que se vê à volta?

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.