Bolsonaro já admite Plano C para Eduardo: permanecer na Câmara mesmo...
A candidatura de Eduardo Bolsonaro à embaixada do Brasil em Washington já tinha subido no telhado. Não tinha votos no Senado até a semana passada. Agora, tem menos. Lá do Japão, Jair, o pai, arrumou uma saída honrosa: por ele, o filho fica por aqui mesmo para arrumar o PSL.
Arrumar o PSL? Eduardo Bolsonaro? Não faz sentido. Ele é parte da crise.
O Plano B, antes do transe no PSL, era fazer do rapaz o chanceler — acreditem! — e mandar para Washington Ernesto Araújo, atendendo ainda a conveniências pessoais do atual ministro das Relações Exteriores.
Mas também isso se mostra inviável. E, no caso, nada tem a ver com Araújo em Washington, mas com o Eduardo no Itamaraty. Não sei de notaram, mas o cenário internacional à volta de Bolsonaro se mexeu muito depressa em dez meses.
Se um embaixador inexperiente nos EUA pode trazer contratempos, imaginem no Itamaraty alguém que associa a uma porca aquela que era a líder do governo no Congresso até quinta-feira passada, a exemplo do que ele também fez com a deputada Joice Hasselmann. Não pode haver melhor exemplo de espírito diplomático…
MUDANÇA DE CENÁRIO
Bolsonaro chegou ao poder, e apenas a Venezuela estava em ebulição na América Latina. Agora já dá para colocar na lista o Equador, o Peru, o Chile e a Bolívia.
A vizinha Argentina, ainda vital para a manufatura brasileira, será governada por uma dupla que o presidente brasileiro considera aliada do Foro de São Paulo: Alberto Fernández e Cristina Kirchner…
Donald Trump é um candidato à reeleição nos EUA mais fraco do que já foi, e Benjamin Netanyahu entregou os pontos em Israel. A chance de voltar ao poder é mais remota, embora exista caso haja novas eleições, do que a de ir para a cadeia.
Os planos de o Brasil fazer parte da OCDE ficaram para as calendas, e o acordo Mercosul-União Europeia, no momento, admitam ou não, subiu no telhado. A volta do kirchnerismo ao poder obrigará a que se volte para a prancheta. E há o contencioso ambiental com a União Europeia, que foi encruado depois daquele estupefaciente discurso do presidente brasileiro na ONU.
Bolsonaro finge, no entanto, que tudo depende apenas da vontade do filhote:
"Obviamente, isso o Eduardo vai ter de decidir nos próximos dias, talvez antes de eu voltar ao Brasil. No meu entender, [o mais estratégico] é ele ficar no Brasil, até para pacificar o partido e ver o que pode catar de caco, porque teve gente que foi para o excesso. É igual um casal, chega um ponto de um problema que não tem mais retorno por parte de alguns".
Sempre soa engraçado quando um bolsonarista — ou o próprio Bolsonaro — critica excessos, não é mesmo?
Para a vaga em Washington, o presidente voltou a falar no diplomata Nestor Forster:
"Nós temos lá o Nestor Forster. Ele é um bom nome. Obviamente, o Eduardo desistindo que eu mande o nome dele ao Senado, tendo em vista a importância na política dentro do partido, o Forster é um bom nome para ser consolidado lá".
Pois é…
Parece, adicione-se, que outra ilusão também se desfez: a viabilidade de se criar um novo partido. O presidente foi convencido de que o TSE não está disposto a estuprar a lei para resolver as crises do PSL…
Então ficamos assim: dos males, o menor. É melhor Eduardo Bolsonaro a criar confusão no partido do que a botar fogo no parquinho, seja no Itamaraty, seja em Washington.
Sem os Planos A e B, então que se fique com o C.