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Reinaldo Azevedo

Lava Jato não fez denúncia contra executivo da Braskem preso nos EUA

Reinaldo Azevedo

25/11/2019 11h43

O ex-presidente da Braskem José Carlos Grubisich, que foi preso na semana passada, em Nova York, sob a acusação de ter criado caixa dois na empresa, já havia sido delatado pelo mesmo motivo para o MPF (Ministério Público Federal brasileiro).

Essa informação, porém, não chegou a gerar denúncia contra ele no Brasil.

A Braskem, controlada pelo grupo Odebrecht, é uma das maiores petroquímicas das Américas e tem capital aberto em Bolsa. Hoje, a Odebrecht tem 38,3% da Braskem, enquanto a Petrobras tem 36,1%. Os 25,5% restantes estão nas mãos de minoritários.

A acusação de que o executivo tinha sido responsável pela criação do caixa dois da companhia está no acordo de leniência da Braskem, firmado em dezembro de 2016 com o MPF. Nos Estados Unidos, Grubisich foi denunciado pelo DoJ (Departamento de Justiça americano, na sigla em inglês) em fevereiro deste ano, mas em segredo de Justiça, e preso só na última quarta-feira (20) ao entrar no país.

Segundo advogados consultados pela reportagem, uma denúncia dessa natureza contra Grubisich no Brasil poderia levar a questionamentos sobre a ação penal que condenou, em 2016, Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo e também ex-presidente do conselho de administração da Braskem, a 19 anos de prisão.

Marcelo Odebrecht foi acusado pela Lava Jato de negociar propinas da Braskem com a Petrobras em troca de contratos —o que ele sempre negou.

Em resposta à reportagem, a força-tarefa da Lava Jato afirmou que o volume de informações obtido com os acordos de leniência é muito grande e que cada investigação tem um ritmo (leia mais abaixo).

Marcelo alegou que as acusações envolvendo a Petrobras tratavam de fatos ocorridos antes de ele assumir o conselho de administração da companhia, em 2008. O empresário, porém, admitiu que durante sua gestão na Braskem liberou pagamentos para o PT, em acordos que não envolviam a Petrobras.

Reconhecer o envolvimento de Grubisich poderia colocar em dúvida parte dos argumentos usados para a condenação do empresário e também embasar questionamentos sobre a permanência de seu caso sob o escopo da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.(…)

Na Folha.

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.