Os que poupam Moro e Guedes de si mesmos também compram Damares e Weintraub
Sergio Moro é o ministro mais popular do governo. Nem poderia ser diferente. Convenham: o homem da excludente de ilicitude — também conhecida como licença para matar pobres e pretos — continua a ser o queridinho da imprensa brasileira. E há, claro!, a percepção de que ele faz um trabalho virtuoso no combate à corrupção: 53% acham sua atuação ótima ou boa. Só 21% percebem quão ruim ou péssimo ele é.
Mas e Damares Alves? É a segunda ministra mais popular do governo: suas bizarrices a tornam ótima ou boa para 43% dos que responderam a pesquisa Datafolha. E olhem que ela não goza da excludente de ilicitude com que o jornalismo costuma premiar o ministro da Justiça. Só 26% a veem por aquilo que é: ruim ou péssima.
Fica acima de outro inimputável por suas palavras e atos: Paulo Guedes, com 39% de ótimo e bom e 23% de ruim ou péssimo.
Até Abraham Weintraub, da Educação, consegue um desempenho razoável quando levamos em conta suas momices. O homem é tido como ótimo ou bom por 34% dos entrevistados pelo Datafolha — acima dos 30% de seu chefe, Bolsonaro. Percebem a sua ruindade 31% — ainda melhor do que o presidente, que amarga 36% nesse quesito.
Dizer o quê? Bolsonaro não está sendo apenas maluco quando diz o que diz e libera Damares e Weintraub para ocupar o picadeiro. Bizarrices retrógradas e irresponsabilidades ganham, por óbvio, o coração do eleitorado reacionário. Mas os arreganhos de atraso na área dos costumes também falam ao coração de parte das camadas mais pobres.
Pois é…
É uma ilusão achar que se pode, vamos dizer, balcanizar o governo, poupando os "bons" até de seus próprios pecados e tratando com o devido rigor os lunáticos.
Uns e outros integram o arranjo que chegou ao poder. E este só é o que é, por óbvio, em razão dos bons e dos lunáticos.
Sei que é difícil de acreditar, mas, sem as Damares da vida, não existiriam Moro e Guedes como âncoras da confiabilidade. Afinal, acredita-se que eles podem conter até Bolsonaro, não é mesmo?