A ARMADILHA DE MORO 5: Quem fez acordo com o Estado brasileiro pagou multa pesada e não sabia que ficaria sujeita a uma lista suspeita
Notem: dita a coisa dessa maneira, a gente fica com a impressão de que Sérgio Moro nada quer além de Justiça e do bem-estar dos brasileiros. O fato é que as pessoas e empresas que repatriaram dinheiro ou admitiram bens no exterior não contavam que iriam integrar uma lista de futuros investigados. Há uma enorme diferença entre surgir um indício de crime, que passa, então, a ser investigado, e criar uma relação prévia de contribuintes que vão ser, então, especialmente escrutinadas. Sim, claro! O objetivo é verificar se o dinheiro está ligado ao crime e coisa e tal. Mas todos conhecemos a capacidade que tem o que chamo de "Partido da Polícia" para dar duplos twists carpados argumentativos. Querem um exemplo? É muito provável que quem tivesse dólares no exterior não-declarados à Receita tenha recorrido a um doleiro, que, por sua vez, não opera para freiras dos pés descalços, não é mesmo? Quem fez um acordo com os que repatriaram dinheiro, que pagaram a multa, foi o Estado brasileiro, não a autoridade ou o governo A ou B. A chance de aquela negociação virar uma armadilha é grande. Reitero: que se investiguem os indícios todos de crimes, não importa de quem. O problema está na lista pré-definida.
Continua aqui