Advertência dos números 3: abstenção no 2º turno superou em 1,43 milhão a do 1º; 57,797 milhões foram de Bolsonaro; 89,5 milhões não
Uma outra evidência de que a descrença é grande está no fato de que a abstenção no primeiro turno — 29.941.171 — foi menor do que no segundo: 31.371.267. À medida que o confronto se tornou mais duro, mais ideologizado e com menos espaço de interlocução, mais pessoas se desinteressaram do processo: um acréscimo de 1.430.096 pessoas. Tomara que os dois líderes da contenda final percebam que não basta apenas falar em conciliação — tendo as instituições como referência. É preciso também prestigiar a política em vez de amaldiçoá-la. Houve, nesta eleição, entre os que votaram, um clima de "agora vai ou racha", com certos apelos na linha: "Esta é nossa última esperança". E, ainda assim, muita gente preferiu ficar fora do jogo e não escolher ninguém. Pouco se sabe sobre o programa de Bolsonaro. Há sinais contraditórios. De toda sorte, é evidente que ele representa uma esperança de mudança para milhões de pessoas. Mas que fique atento, também, à maioria que não votou nele porque não compareceu, votou branco ou nulo ou escolheu seu adversário: estamos falando de 89.506.515 eleitores. E Bolsonaro será presidente também dessa maioria. Da mesma sorte, cumpre ao PT perceber que abstenções, brancos e nulos (42.465.941) não estão assim tão distantes dos 47.040.574 que apertaram o 13 na urna.
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