Candidato fascistoide pode ser o preferido da criada Juliana, de Eça, ou de Robson Andrade, presidente da CNI; mesma deformação os une
Ah, é verdade! A esquerda pode chamar de "fascista" até o Teorema de Pitágoras, não é? Como obrigar que o quadrado da soma dos catetos seja igual ao quadrado da hipotenusa? Abusa-se da qualificação para, bem…, desqualificar um adversário. No que me diz respeito, jamais abandonei o termo "fascistoide" para designar esquerdistas ou direitistas que fazem da intolerância a sua profissão de fé. Bolsonaro é um "fascista"? Falta um contexto histórico que justifique a designação. Mas é um fascistoide, vale dizer: atua à moda de um fascista extemporâneo. Todas as suas postulações apelam ao reacionário, à marcha para trás da história, à revolta das supostas vítimas que sonham com a possibilidade de oprimir aqueles que consideram seus opressores. A clientela para a sua pregação é vasta: pode seduzir tanto uma criada Juliana, saída do romance "O Primo Basílio", de Eça de Queiroz, como o presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Braga de Andrade.
Juliana considera que a responsável por sua vida amarga é Luísa, a patroa: rica, mimada, adúltera. Ela, Juliana, não! Tem uma vida reta e só colhe dissabores. Andrade, ora vejam, sente-se oprimido pelos sindicatos e pelas esquerdas. Bolsonaro alimenta os sonhos de vingança das Julianas e dos Andrades contra o que umas e outros julgam ser seus opressores. Em qualquer caso, a resposta se dá pelas mãos de um certo Messias, que considera, como os procuradores, a política o mal do mundo. Embora todos façam política: Juliana, Andrade, Messias e os procuradores.