COISA DE LOUCO 2: Que Araújo comece logo a trabalhar. Ou será fanfarrão ou se levará a sério, e generais lhe darão um pé no traseiro
Araújo é o ministro que mais se mostra empenhado em dar consequência ao lema da campanha de Bolsonaro: "Brasil acima de tudo e Deus acima de todos". O título do artigo é "Now we do", que pode ser traduzido por "Agora nós tratamos". Deriva de Uma citação que faz. Ele lembra, em tom de reprovação, uma frase de Alastair Campbell, porta-voz de Tony Blair, ex-primeiro ministro do Reino Unido (1997-2007). Ao endossar uma postura de Blair, que recusava a mistura dos domínios da religião e da política, afirmou Campbell: "We d'ont do God": nós não tratamos de Deus. Se levarmos a sério o que diz o futuro ministro das Relações Exteriores, o Brasil é a mais nova teocracia da praça. Agora, pois, temos um governo que vai… tratar de Deus!
Só não é uma vergonha de dimensão planetária porque ninguém dá muita bola ao Brasil. E dará cada vez menos — a não ser como uma caricatura.
Ao cantar as glórias de Carvalho, seu novo guia espiritual — depois de ter servido com denodo ao Itamaraty petizado —, Araújo afirma que o prosélito de extrema-direita, que ele chama de "filósofo", foi, muito provavelmente, o primeiro a perceber o "globalismo" como resultado da "globalização econômica", a pensar suas consequências nefastas e como vencê-las. Por muitos anos, teria sido a única pessoa no país a empregar a palavra "comunismo" para definir a estratégia petista e o que se passava no país. Os bobinhos relacionavam o comunismo ao coletivismo soviético, já morto, e não enxergavam o que só Carvalho via: o comunismo havia sobrevivido e tomado novas formas na cultura e nos temas de interesse global. É o tal casamento entre Karl Marx e George Soros…
E, sim, queridos! Foi o "Deus operando" na história, segundo Araújo, que juntou Bolsonaro, Carvalho e a "Car Wash" — na figura, suponho, de Sérgio Moro. Ele fica bem como terceiro elemento da Trindade, não é mesmo?
E depois ainda dizem que Araújo é louco.
Não vejo a hora de essa política externa começar a render frutos. Ou Araújo é um fanfarrão e nada vai fazer. Ou se leva a sério. E, nesse caso, os generais, e não o capitão, lhe darão um pé no traseiro. Não é mesmo, Hamiton Mourão?