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Reinaldo Azevedo

CONDENAÇÃO DE LULA 3: Empreiteiros negam em depoimento à juíza que recursos da reforma tinham origem nos contratos com a Petrobras

Reinaldo Azevedo

07/02/2019 08h05

Juíza Gabriela Hardt: sua sentença segue os passos daquela dada por Moro

Mas há também depoimentos que, em tempos normais, contribuiriam para desmoralizar a acusação do Ministério Público. E a própria juíza Gabriela Hardt transcreve parte do que a defesa levou aos autos. Trecho do depoimento de Emílio Odebrecht:
Juíza: O senhor se lembra de ter falado com o senhor presidente, reclamado de alguma questão da Petrobrás, da dificuldade que a empresa estava tendo?
Emílio Odebrecht: Não (…). As minhas conversas que eu tinha com ele era efetivamente a forma da minha organização poder crescer, lutar e já ajudar o país a crescer, era a forma com que eu tinha, e se eu pudesse influenciar nessa direção era o que eu fazia, contribuía.

Mais um diálogo:
"Defesa: (…) senhor Marcelo, o senhor tratou pessoalmente sobre esses quatro contratos com o presidente Lula?
Marcelo Odebrecht:- Sobre esse ponto da denúncia, não houve, quer dizer, eu não fiz nenhuma tratativa direta ou indireta com o presidente Lula envolvendo contratos da Petrobrás.

Para onde essas e outras negativas conduzem a questão?

Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, que a juíza transcreve à página 3 de sua sentença, o dinheiro que custeou a reforma do sítio era parte da propina que Odebrecht e OAS pagavam para manter contratos com a Petrobras, a saber:
No caso da Obrechet:
a) contratos da Petrobrás com o Consórcio RNEST-CONEST para obras na Refinaria do Nordeste Abreu e Lima/RNEST;
b) contrato da Petrobrás com o Consórcio Pipe-Rack para obras no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro/COMPERJ; e
c) contrato da Petrobrás com o Consórcio TUC para obras no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro/COMPERJ.

Do Grupo OAS:
a) contrato da TAG – Transportadora Associada de Gás, subsidiária da Petrobrás, com a Construtora OAS para construção do Gasoduto Pilar-Ipojuca (Pilar/AL a Ipojuca/PE);
b) contrato da Transportadora Urucu Manaus S/A, subsidiária da Petrobrás, com o Consórcio GASAM, integrado pela Construtora OAS, para construção do GLP Duto Urucu-Coari (Urucu/AM a Coari/AM); e
c) contrato da Petrobrás com o Consórcio Novo Cenpes para a construção predial para ampliação do CENPES (Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello).

Então ficamos assim: os mimos das empreiteiras no sítio de Atibaia, segundo a denúncia, derivam de seis contratos, certo? Logo, cabe ao órgão acusador apontar as provas de que assim as coisas se deram. Será que foi desta vez?
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Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.