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Reinaldo Azevedo

COPA DE BOBAGENS 2: César Ramos, cuja ruindade derrotou Seleção Brasileira, prova que juiz protagonista só serve para estragar o jogo

Reinaldo Azevedo

18/06/2018 08h02

Gabriel Jesus sofre pênalti. Juiz César Ramos não deu a menor pelota. É o Juiz protagonista (Foto: Joe Klamar/ AFP)

A estreia da Seleção Brasileira na Copa do Mundo deste ano não foi lá essas coisas. Nenhum dos grandes que jogaram, até este domingo, se deu bem. Embora num jogo vistoso, com seis gols, a Espanha empatou com Portugal; a Alemanha perdeu para o México, e a Argentina empatou com a Islândia, com Messi perdendo um pênalti. Vista a coisa por aí, até que o empate do Brasil com a Suíça foi um bom resultado, até porque, com uma arbitragem decente, o Brasil teria vencido, com certeza, por um a zero — o gol suíço foi ilegal —, muito provavelmente por dois, dando de barato que o pênalti sofrido por Gabriel Jesus seria convertido em gol. Mas, é evidente, o time ficou muito abaixo das expectativas de quem se importa com isso. Faltou aquilo que, e esta é a esperança, Tite pode dar à equipe: desenho tático. Os talentos estão lá. O segundo tempo foi uma lástima.

A reação dos brasileiros continuou morna. Eu mesmo ouvi aqui e ali: "Ah, eu sabia, não adianta mesmo! Não vai dar". Na sexta, escrevi uma coluna na Folha em que afirmei:
"Infeliz o país em que boa parte dos cidadãos sabe o nome de todos os membros da corte suprema, mas ignora a escalação da seleção. Partida em que o juiz é a personagem principal é ruim. Se isso acontece, ou aquele que encarna a neutralidade sem paixão e detém o monopólio da aplicação das regras, com as consequentes sanções, está se arvorando em protagonista do espetáculo —e, portanto, faltando a seu mister—, ou os atletas se descuidam de sua tarefa, substituindo a bola pelo corpo do adversário. Se magistrado aparece mais do que político ou jogador de futebol, é sinal de que o jogo da institucionalidade é pífio e tende a acabar mal."

Pois é… O parágrafo parece ter antecipado o que se viu em campo — afinal, o sr. César Ramos foi o protagonista do jogo e decidiu o resultado — e ter registrado com precisão o que vai pelo país. O desânimo, na política ou no futebol, só alimenta a roda de infortúnios. Torcer pela Seleção do país não faz menos alienado o brasileiro que passa por agruras. Ao contrário: se a adesão ao selecionado é expressão, afinal, de uma identidade, é preciso que esta exista para que as pessoas possam realmente se importar com as coisas da vida pública.

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.