DECRETO DAS ARMAS 2: Tema rende debate como direito individual, mas nem errado chega a ser como segurança pública; só é estúpido
Como sabe qualquer pessoa que se acerca da questão com um mínimo de honestidade intelectual e não está a serviço do bem-remunerado lobby do setor, possuir ou não uma arma pode até despertar um bom debate sobre direitos do indivíduo em confronto com as medidas restritivas impostas pelo Estado. Nas democracias mais sólidas do mundo, exceção feita aos EUA, há restrições severas para a posse e simplesmente se proíbe o porte ao cidadão comum. Em países com legislações assim e IDH similar ao americano, os mortos por 100 mil habitantes giram em torno de 1 — UM! Nos EUA, cinco. A evidência deveria bastar para as pessoas com algum pudor. A suposição de que restringir a posse e proibir o porte sejam práticas de Estados autoritários é uma estupidez. Um dos países mais armados do mundo é a Venezuela. Uma ditadura.
Se a questão comporta um debate sobre direitos individuais, há algo que nem deveria estar em questão: armar-se não é uma política de segurança pública, como sugeriu Bolsonaro no discurso que acompanhou seu decreto irrelevante. Todos os levantamentos, sem exceção respeitável, apontam que, armado ou não, reagir ao bandido é a pior escolha. As poucas pessoas que conseguem ser bem-sucedidas nesse embate não alteram as estatísticas — ao contrário: elas as confirmam. Não conheço um só policial, civil ou militar, e conheço muitos, que recomende a reação.
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